De tão diferentes que somos, duvido.
Ele novo, eu madura.
Ele polêmico, eu feminista.
Eu passional, ele razão pura.
Acha que tem sapiência de tudo.
Eu já aprendi que nada sei.
Diz que nunca se apaixonou.
E eu tanto já amei.
Farra é com ele mesmo.
Pra mim, basta estar perto.
Acorda que é só mau-humor.
Sou a alegria quando desperto.
Vive a ansiedade da pouca idade.
Já experimento a dádiva da calmaria.
Ele quer festa e mais festa, e eu, apenas companhia.
Mas de que serve listar tudo isso
Se o que sinto é maior?
Apaixonei-me, é fato
Quero deitá-lo no colo e dar amor.
Nessas horas é que dá pra ver
Que os poetas estão mesmo certos
De nada adianta a razão
Quando estamos emocionalmente despertos!
Vem cá, fruta minha
Adoça-me com a sua graça
Arranca-me os conceitos prontos
Deixe-me feliz, apenas feliz, e ponto.
Friday, December 09, 2011
Friday, November 04, 2011
Cascas
Sábias são as árvores, que já nascem com cascas. Nós, mulheres e homens, bichos humanos, de pele desnuda e fina, levamos a vida toda para aprender a criá-las, a machucar-se menos, a proteger-se do que não nos faz bem.
Friday, October 21, 2011
B.
Dia desses, B. visitou-me em sonho. Sorriu aberto e irradiou-me com aqueles dentes bonitos dele. Falou um chamego qualquer com seu sotaque e me arrancou gargalhadas. Trouxe consigo a mãe para me conhecer.
Sentada na ponta da minha cama, ela me olhava comprido. Tinha na pele a morenês do filho. Senti que, como ele, antes da cirurgia, ela tinha medo. Mas hoje animei-me. Enfim, "conheci" dona D., por telefone. E ela passou-me tanta esperança! Disse que B. se recupera e que precisamos ter paciência. Não é fácil.
Um mês se passou. É angustiante imaginar como ele está. Eu estou tão longe... ELE está tão longe. Essa nossa ansiedade pelo real não nos permite aceitar o mundo paralelo necessário em que B. está. Queria ele aqui, no bate-papo, inquieto com a tecnologia, mas sempre galante quando se refere a mim.
Doído aceitar um sono que não tem hora para acordar. Mais parece peça pregada pela vida. Uma lição de moral daquelas que a gente ganha quando reclama de tudo e mais um pouco. Assim, a saudade é ainda maior. Assim, a vontade de um abraço é como a da primeira chuva depois da seca. Quando vier, será extasiante.
Sentada na ponta da minha cama, ela me olhava comprido. Tinha na pele a morenês do filho. Senti que, como ele, antes da cirurgia, ela tinha medo. Mas hoje animei-me. Enfim, "conheci" dona D., por telefone. E ela passou-me tanta esperança! Disse que B. se recupera e que precisamos ter paciência. Não é fácil.
Um mês se passou. É angustiante imaginar como ele está. Eu estou tão longe... ELE está tão longe. Essa nossa ansiedade pelo real não nos permite aceitar o mundo paralelo necessário em que B. está. Queria ele aqui, no bate-papo, inquieto com a tecnologia, mas sempre galante quando se refere a mim.
Doído aceitar um sono que não tem hora para acordar. Mais parece peça pregada pela vida. Uma lição de moral daquelas que a gente ganha quando reclama de tudo e mais um pouco. Assim, a saudade é ainda maior. Assim, a vontade de um abraço é como a da primeira chuva depois da seca. Quando vier, será extasiante.
Tuesday, September 27, 2011
Thursday, August 04, 2011
Viva
Alvoreci com vontade de chorar. Com um soluço preso na garganta. Logo ouvi "Que é preciso chuva para florir". E pensei cá com meus botões: antes nascer e morrer que ser artificial para sempre.
Monday, August 01, 2011
Coração florido
Enfeitei meu coração de flores
E mesmo descrente de amores
Ele só quer viver
Enxerga os dias com mais beleza
As dores com mais leveza
E os estranhos com bem-querer
Não duvida das boas intenções
Porém não se apega a paixões
Restringe-se ao que pode ser
Ah, coração florido!
Quer apenas, colorido,
Fazer a pena valer
E mesmo descrente de amores
Ele só quer viver
Enxerga os dias com mais beleza
As dores com mais leveza
E os estranhos com bem-querer
Não duvida das boas intenções
Porém não se apega a paixões
Restringe-se ao que pode ser
Ah, coração florido!
Quer apenas, colorido,
Fazer a pena valer
Tuesday, July 12, 2011
Migalhas
*Para luar
Meu peito transbordou. Mandou em caracteres todos os desejos que carregava consigo. Disse francamente que te quer. Anunciou sem dó (nem tanto) o quanto sofre longe de ti.
Sabe bem ele que agora colherá o fim. Que será sepultado sem sequer uma cerimônia de adeus. E que nem cicatrizes deixará. Simplesmente será esquecido.
Pobre peito. Arriscou tudo pelo desejo de te ter por completo. Perdeu, é fato. Mas tentou, bravamente, ser teu, e só teu, nas noite de amor.
Hoje triste, carrega um coração que pulsa lentamente, quase desistindo da vida. Que deseja ter salvo a amizade, apesar das poucas chances. Que vai chorar dias a fio o fracasso da não-conquista.
Sobra-lhe pouco. Migalhas de lembranças de uma história, apesar de tudo, bela. Lampejos de um enredo de crônica de amor. E saudade da coragem que resgatava em si para fazer-te crer que era forte.
Meu peito transbordou. Mandou em caracteres todos os desejos que carregava consigo. Disse francamente que te quer. Anunciou sem dó (nem tanto) o quanto sofre longe de ti.
Sabe bem ele que agora colherá o fim. Que será sepultado sem sequer uma cerimônia de adeus. E que nem cicatrizes deixará. Simplesmente será esquecido.
Pobre peito. Arriscou tudo pelo desejo de te ter por completo. Perdeu, é fato. Mas tentou, bravamente, ser teu, e só teu, nas noite de amor.
Hoje triste, carrega um coração que pulsa lentamente, quase desistindo da vida. Que deseja ter salvo a amizade, apesar das poucas chances. Que vai chorar dias a fio o fracasso da não-conquista.
Sobra-lhe pouco. Migalhas de lembranças de uma história, apesar de tudo, bela. Lampejos de um enredo de crônica de amor. E saudade da coragem que resgatava em si para fazer-te crer que era forte.
Tuesday, May 17, 2011
Fuga
Dei-me conta. Minha busca desesperada é fuga. Do que vivemos, do que fomos, do que acreditei que seríamos. Mas o futuro não chegou. Morreu no presente que espero brevemente tranformar em passado. Mas, droga, não me sai do pensamento o desejo louco que tínhamos. Meu desespero por amar é uma tentativa insana de te esquecer. Não posso. Não, por ora. Preciso amar-me primeiro. Preciso deixar-te ir. Sarar essa dor que a cada dia descubro nova. Sangrar a expectativa de um "pra sempre". Ei de curar. Oxalá, conseguirei.
Monday, April 25, 2011
Pelo vento
Desprendi-me de mim. Moro agora nos abraços que dou, nos afagos que faço, nos beijos que distribuo.
Tuesday, April 05, 2011
POEMA PARA TE RECEBER À PORTA
(Poema de Gustavo de Castro para mim)
Para Juliana Borre
Queria reunir sete abraços:
Com o primeiro abraço
ataria em ti os fios dos meus afagos.
Com o segundo, tudo o que se perdeu.
Com o terceiro, faria tua cama, deixaria
usted deitar em paz. No quarto abraço
me faria teu. Com o quinto, transfomaria
tudo em beijo. O sexto seria para ninar,
na boquinha, goiabada com queijo.
O sétimo encerraria a dor do mundo.
No amor está o último braço,
no beijo, a figura-fundo.
Para Juliana Borre
Queria reunir sete abraços:
Com o primeiro abraço
ataria em ti os fios dos meus afagos.
Com o segundo, tudo o que se perdeu.
Com o terceiro, faria tua cama, deixaria
usted deitar em paz. No quarto abraço
me faria teu. Com o quinto, transfomaria
tudo em beijo. O sexto seria para ninar,
na boquinha, goiabada com queijo.
O sétimo encerraria a dor do mundo.
No amor está o último braço,
no beijo, a figura-fundo.
Faroeste meu
Ele está na boca de todos. Quase 30 anos depois de seu "nascimento" (e morte), João de Santo Cristo, cuja saga é incansavelmente entoada pelos admiradores da Legião, volta à cena. Referência cultural para muitos brasileiros, a personagem de Renato traz consigo uma simbologia ainda mais marcante aos jovens brasilienses entre os 40 e poucos e os 20 e tantos anos.
Para mim, os mais de nove minutos de música, no entanto, vão além da paixão pela banda e pela canção. Primeiro porque aquelas referências todas da(s) cidade(s) soavam tão familiares que, apesar de nem nascida em muitos dos acontecimentos referidos nos versos, eu parecia sentir na pele as sensações de Santo Cristo. Desde que descobri essa estória, uma brincadeira era certa. Moradora de um dos muitos lotes 14 de Ceilândia por mais de 20 anos, gracejava com os amigos que a cena final de Faroeste Caboclo teria acontecido em frente à minha casa.
A sensação de pertencimento dos ceilandenses a esse enredo é tamanha que, inclusive, gerou o mito de que Pablo, o "peruano que vivia na Bolívia", morava "nas quebradas" nossas, pertinho da escola onde eu conclui o 1º grau e onde ouvi esse conto pela primeira vez. A conversa era tão coerente que eu mesma a reproduzi por diversas vezes.
Outro verso muito familiar é "saindo da Rodoviária, viu as luzes de Natal". Com o dinheiro parco, o entretenimento nos meus tempos de menina era a Esplanada. Sim, acredite, mamãe dava a grana pro ônibus e, com esses poucos cruzeiros no bolso, rumávamos para o Plano, um mundo mágico, tão perto e tão distante de nós. Batíamos perna o dia todo. Descíamos na Rodoviária e zanzávamos pelos ministérios, íamos ao Congresso, escorregávamos pela cúpula (não tente fazer isso hoje!). Ou então enfrentávamos um desafio maior, saltávamos no Memorial JK ou na Torre de TV e andávamos, sob o sol escaldante e o tempo seco, até os cartões postais mais famosos. Ali, eu tinha a sensação de estar dentro da TV, onde via uma imagem aérea ou outra daquele gramado pelo qual rolávamos. No fim de ano, ver as luzes era programa de família, em prática ainda hoje.
Como João, durante a adolescência, libertei-me nas festinhas de rock. Não sei se o tipo de autonomia que o (anti)herói de Faroeste buscava, mas a liberdade cultural e social de um grupo que não tinha muito entretenimento às mãos e que se virava com suas próprias festas, possivelmente bem mais "caretas" que as de outrora.
Um outro verso que me fala ao coração é "Nesse país, lugar melhor não há". Neta de candangos, escuto essa percepção reverberar pelo imaginário familiar desde criança. Apesar dos tempos difíceis, da poeira, da violência, Brasília (leia-se Ceilândia) foi (e é) um oásis para os meus. Trouxe-lhes a possibilidade de uma vida melhor. E quem não a quer? Foi isso que João de Santo Cristo buscou. E, apesar de seu fim, foi o que, de uma forma torta, encontrou.
Para mim, os mais de nove minutos de música, no entanto, vão além da paixão pela banda e pela canção. Primeiro porque aquelas referências todas da(s) cidade(s) soavam tão familiares que, apesar de nem nascida em muitos dos acontecimentos referidos nos versos, eu parecia sentir na pele as sensações de Santo Cristo. Desde que descobri essa estória, uma brincadeira era certa. Moradora de um dos muitos lotes 14 de Ceilândia por mais de 20 anos, gracejava com os amigos que a cena final de Faroeste Caboclo teria acontecido em frente à minha casa.
A sensação de pertencimento dos ceilandenses a esse enredo é tamanha que, inclusive, gerou o mito de que Pablo, o "peruano que vivia na Bolívia", morava "nas quebradas" nossas, pertinho da escola onde eu conclui o 1º grau e onde ouvi esse conto pela primeira vez. A conversa era tão coerente que eu mesma a reproduzi por diversas vezes.
Outro verso muito familiar é "saindo da Rodoviária, viu as luzes de Natal". Com o dinheiro parco, o entretenimento nos meus tempos de menina era a Esplanada. Sim, acredite, mamãe dava a grana pro ônibus e, com esses poucos cruzeiros no bolso, rumávamos para o Plano, um mundo mágico, tão perto e tão distante de nós. Batíamos perna o dia todo. Descíamos na Rodoviária e zanzávamos pelos ministérios, íamos ao Congresso, escorregávamos pela cúpula (não tente fazer isso hoje!). Ou então enfrentávamos um desafio maior, saltávamos no Memorial JK ou na Torre de TV e andávamos, sob o sol escaldante e o tempo seco, até os cartões postais mais famosos. Ali, eu tinha a sensação de estar dentro da TV, onde via uma imagem aérea ou outra daquele gramado pelo qual rolávamos. No fim de ano, ver as luzes era programa de família, em prática ainda hoje.
Como João, durante a adolescência, libertei-me nas festinhas de rock. Não sei se o tipo de autonomia que o (anti)herói de Faroeste buscava, mas a liberdade cultural e social de um grupo que não tinha muito entretenimento às mãos e que se virava com suas próprias festas, possivelmente bem mais "caretas" que as de outrora.
Um outro verso que me fala ao coração é "Nesse país, lugar melhor não há". Neta de candangos, escuto essa percepção reverberar pelo imaginário familiar desde criança. Apesar dos tempos difíceis, da poeira, da violência, Brasília (leia-se Ceilândia) foi (e é) um oásis para os meus. Trouxe-lhes a possibilidade de uma vida melhor. E quem não a quer? Foi isso que João de Santo Cristo buscou. E, apesar de seu fim, foi o que, de uma forma torta, encontrou.
Friday, February 11, 2011
Palavras e sentimentos
Eu tenho em mim uma sede de viver, uma vontade de crescer, de expandir pelo mundo em forma de palavras e sentimentos. Não me tome como louca. Tampouco piegas. Só quero levar da vida tudo o que ela pode me oferecer.
Thursday, February 03, 2011
Do lado de cá
Lá e cá
Meu e seu
Nem tão meu, tampouco seu
Doeu aí, aqui também
Não sei por quê
Não deveria.
O que fazer?
Sem ideia...
Ler o pensado?
Decifrar o escrito?
Calar-se ante os fatos?
Não me odeie, moça
Não foi por mal
Lamento se me apaixonei
Meu e seu
Nem tão meu, tampouco seu
Doeu aí, aqui também
Não sei por quê
Não deveria.
O que fazer?
Sem ideia...
Ler o pensado?
Decifrar o escrito?
Calar-se ante os fatos?
Não me odeie, moça
Não foi por mal
Lamento se me apaixonei
Subscribe to:
Posts (Atom)