Dia desses, B. visitou-me em sonho. Sorriu aberto e irradiou-me com aqueles dentes bonitos dele. Falou um chamego qualquer com seu sotaque e me arrancou gargalhadas. Trouxe consigo a mãe para me conhecer.
Sentada na ponta da minha cama, ela me olhava comprido. Tinha na pele a morenês do filho. Senti que, como ele, antes da cirurgia, ela tinha medo. Mas hoje animei-me. Enfim, "conheci" dona D., por telefone. E ela passou-me tanta esperança! Disse que B. se recupera e que precisamos ter paciência. Não é fácil.
Um mês se passou. É angustiante imaginar como ele está. Eu estou tão longe... ELE está tão longe. Essa nossa ansiedade pelo real não nos permite aceitar o mundo paralelo necessário em que B. está. Queria ele aqui, no bate-papo, inquieto com a tecnologia, mas sempre galante quando se refere a mim.
Doído aceitar um sono que não tem hora para acordar. Mais parece peça pregada pela vida. Uma lição de moral daquelas que a gente ganha quando reclama de tudo e mais um pouco. Assim, a saudade é ainda maior. Assim, a vontade de um abraço é como a da primeira chuva depois da seca. Quando vier, será extasiante.
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