Tuesday, September 08, 2009

Já não é meu

Já não é meu
Teu sorriso mais sincero
O beijo apaixonado
O suor das mãos entrelaçadas

Já não posso
Encarar os vivazes olhos teus
Cheirar a nuca mais gostosa
Recitar minhas palavras tão amáveis

Que faço
Sem teu corpo tão miúdo
Que me amava amiúde
E já não me pertence mais?

Resta-me poetizar a perda
Nem que seja
Para não deixar que ela se vá de vez.

Ilhado

Para a solidão, não é preciso estar longe. Tampouco só. Basta uma multidão sem afeto.

Monday, March 09, 2009

Fotografias em um parágrafo só

A fotografia é uma grande invenção. Ela é mágica porque permite que exercitemos a memória. Não, melhor. Permite que exercitemos o coração, as lembranças, a felicidade. Digo isto porque, ao mirar uma imagem em um papel, vem à tona toda a história daquele momento retratado. Qual era o local, a situação, a luz, o clima, o cheiro, o sentimento. E isto não é tudo. Permite-nos lembrar momentos em que, ao vermos uma fotografia de quando não nos lembramos ou da qual não participamos, soubemos por outrem as venturas e desventuras de um passado. E essas memórias, sejam participativas ou narrativas, vão e vêm, e aguçam-nos os sentidos e os sentimentos mais sinceros. E mostram-nos, a quem o teve, o delicioso sabor de um passado feliz. Reativam outras tantas lembranças afins. Recuperam pessoas, gargalhadas, lágrimas, situações. E ajudam-nos a compreender o sentido de mistérios aparentemente sem sentido, como o encantador processo de vivência entre um filho e seus pais.