* Crítica ao documentário Maria Bethânia: música é perfume. Constelação: quatro estrelas.
Música é como perfume: chega, invade e transforma. Não há como ser o mesmo depois de "sentir" qualquer um dos dois. A analogia, feita pela estrela principal do documentário Maria Bethânia: música é perfume, também pode ser usada para comparar o efeito de sua voz sobre os espectadores da película, dirigida pelo francês George Gachot. Ao acompanhar momentos do processo criativo da diva, permeados por depoimentos e cenas do Rio de Janeiro e da Bahia, a sensação é, igualmente, de êxtase.
Passados os primeiros minutos, que não empolgam muito pelo ritmo e a pouca conexão entre falas e imagens, o projeto engaja e consegue prender a respiração com depoimentos como o do maestro Jaime Alem, que há mais de 20 anos está entre os responsáveis pela composições das melodias de Bethânia.
A fotografia não é das mais belas. Mas a trilha sonora, inevitavelmente, é sândalo. Ver Bethânia, em meio às falas, surrupiar graves, nos faz refletir sobre os hits que ouvimos nas FMs por aí. O envolvimento, a intensidade, o talento desde os tempos de menina, em Santo Amaro da Purificação (BA). Todas essas passagens certificam o público de que ela nasceu para cantar e de que a música brasileira não seria a mesma sem sua contribuição e dos companheiros de estrada, como Gilberto Gil, o irmão Caetano Veloso e Chico Buarque, declarado ídolo da diva.
Mas uma ausência entre os depoentes não desce goela abaixo: por que será que não há uma única fala de Gal Costa nos 82 minutos de documentário? Ela sequer é lembrada nas narrações históricas da carreira de Bethânia. Até onde se conhece a trajetória dos baianos da Tropicália, o quarteto formado por Gil, Caetano, a irmã e Gal era indissociável. Será que essa máxima não é mais verdadeira?
Apesar de tamanho "vazio", ver Nana Caymmi narrando que é rádio-ambulante da personagem central é delicioso. Não menos prazeroso é ouvir o "baianês" de Bethânia soltar, admiradamente, exclamações ao escutar Marcel Powell tocar Samba da bênção, de seu pai, Baden Powell, e de Vinícius de Moraes. Este, aliás, é o pai criador de grande parte das canções do filme, fruto do último trabalho da cantora, Bethânia canta Vinícius.
Música é perfume faz pensar. Faz sentir. Arrepia. Não é a obra-prima da não-ficção. Mas, certamente, tem uma importante missão: tornar público e imortalizar a vida e a obra de Maria Bethânia, que, inegavelmente, é tempero forte na cultura nacional, multicolorida.
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2 comments:
Bela critica, dou 5 estrelas, coloque mais materias suas ai...Beijo gata.
Essa foi a primeira e única crítica de cinema que fiz...
:D
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