De onde vem a saudade? Remetida sempre ao passado, ela faz crer que algo foi suficientemente bom. Por isso, provoca a memória. Aperta o peito. Arranca sorrisos... ou lágrimas.
É possível sentir saudade de algo que fez sofrer? E saber no agora que um dia se sentirá saudade de um instante?
Se possível fosse, sentiria saudade do cheiro orgânico de jaca caída, de água batida, da janela de casa. Ou dos dias de lasanha na sala sem janelas, onde mamãe serve a todos, faceiros, falastrões e de pança cheia.
Teria a saudade um gosto? E cor?
Há quem diga que nunca sentiu saudade. Ledo engano. Ainda que as portas da alma estejam trancafiadas, ela e suas sutilezas não tardam a chegar. E, quando menos se espera, o pensamento voa num momento felicitoso. E o risinho de canto de boca - mesclado, por vezes, às lágrimas que escorrem inconformadas - surge, sem mais nem por quê.
Saudade não se busca, idealiza, deseja. É relampejo posterior à felicidade, lembrando ao ego do alimento saboroso de outros tempos. Passados tempos...
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