Se for para emocionar, eu choro
Se for para sorrir, gargalho
Se for para brigar, não fica barato
Se me magoar, perdôo
Se me arrepender, "desculpe"
Se for para escrever, divago
Se for para dançar, sacolejo
Se for para ler, me deito
Para jogar charme, olho
Se der vontade, "eu te amo"
Se for para partilhar, eu chamo
Para abraçar, deleito
Para banhar, calculo
Para amar, eu pulo
Se for para xingar, encho a boca
Para elogiar, também
Se for para cantar, me isolo
Se precisar de apoio, amém!
Se for pra ser profissional, total
Se for pra ser amigo, incondicional
Para dançar na chuva, alegria
Para um bom almoço, companhia
Se for para ser, que eu seja
Se for para escrever, eu ajo
Se quero conhecer, viajo.
Friday, August 15, 2008
Thursday, August 14, 2008
Condição
* Para João da Silva, um brasileiro.
- O que é ser cidadão, seu João?
Ele, "preto", pobre, analfabeto aos 60 anos, diz daquele jeito todo tímido:
- É ter condições, professora...
- O que é ser cidadão, seu João?
Ele, "preto", pobre, analfabeto aos 60 anos, diz daquele jeito todo tímido:
- É ter condições, professora...
Friday, August 01, 2008
Mi hermana tan querida
Foram longos e saborosos 17 dias em terras estranhas. Estranhas porém familiares. Sim, há uma brasilidade argentina. Seja pela comum freqüência em ouvir a língua-mãe da ex-colônia portuguesa, seja pela latinidade dos costumes "hermanos". As marcas mais à mostra são as lindas árvores de folhas caídas, o aroma de café a cada esquina, o galanteio nada tímido dos argentinos e a solicitude e os cabelos desgrenhados de mocinhos e moçoilas, as incontáveis praças - sempre acompanhadas de pássaros, grama, corpos em descanso -, a miscelânea "babilônica" dos albergues, o sabor dulce de leche de "alfajores", "helados", do acompanhamento matinal. Não, a carne, definitivamente, não faz parte das minhas memórias... Talvez uma busca desesperada para dela fugir possa estar nas entrelinhas.
Há quem diga, de modo esnobe, que a Argentina quer ser Europa. Há quem a ame incondicionalmente. É inegável seu ar europeu. Mas isso não nega todo o tracejo latino, de cultura indígena, de sangue quente, de um charme todo nosso. Os elevados prédios de marcas francesas, alemãs e a gastronomia provocam a memória com imagens do Velho Continente. As manifestações nas ruas, porém, o tango - apesar do ar clássico -, o molejo passo a passo, ah, isso tudo é demasiado sul-americano.
As cores nas ruas invernosas são pálidas. A negritude é rara. Muitas vezes encontrada entre um turista e outro. Isto lembra a quase-ausência da mão-de-obra escrava africana. A exploração colonizadora predominou entre mapuches, guaranis, ranquels. O fato é que, como no Brasil, a beleza argentina está na mistura. Bem menos variada que a brasileira, é verdade. Mas não menos bela e deliciosamente majestosa.
Nos ares cordilheiros de Mendoza, uma pacata timidez regozija o visitante. E o vento que tanto irrita os nativos encanta o estrangeiro pelas centenas de folhas caídas às margens das ruas compostas por sorveterias e lojas de calçados. No albergue minúsculo, em que "hombres y mujeres" compartilham os quartos, um encontro inusitado: um estadunidense filho de colombianos, um alemão sindicalista e risonho e uma brasileira trocam experiências. O índio latino de sotaque ianque soa um tanto mal-humorado. Por vezes até impaciente com o inglês enferrujado da moça. Já o que sobra ao alemão é simpatia. Tanta que chega a irritar. Não faltam vinhos - dos melhores argentinos -, chouriços, mesa farta. Há, inclusive, um rodízio de pratos típicos. Um dos mais aguardados é o feijão, que não aparece. No máximo, uma lentilha à brasileira. Está valendo.
Um passeio no zoológico local é extasiante. À garupa do alemão, o cabelo e a alma da moça saltitam de felicidade. Na despedida mendocina, uma fotografia de dentro do táxi: a bandeira celeste, onipresente, causa melancolia, saudade de casa. Para animar a viagem, um bingo dentro do ônibus. Coisas da Argentina...
De volta aos bons ares, uma indescritível descoberta: na descida da Florida, eis a calle Lavalle, com seus enormes cinemas de rua. O implacável Coringa de Ledger é o escolhido no cardápio. Mas o prazer de cines tão antigos não para por aí. Os dias restantes em Buenos Aires ganham visitas constantes à Lavalle. E também à Recoleta, a San Telmo, a Tigres.
Na memória de mais de seis meses depois, ficam cenários fotográficos. Memórias do aperto da saudade de casa, do amor recém-começado, da família. Lembranças de pessoas bacanas, de todas as partes de mundo, com as mais variadas perspectivas. De lugares lindos, papos prazerosos, do espanhol melhorado. E, sem dúvida, de um desejo de voltar o quanto antes. Quem sabe ainda este ano?
Há quem diga, de modo esnobe, que a Argentina quer ser Europa. Há quem a ame incondicionalmente. É inegável seu ar europeu. Mas isso não nega todo o tracejo latino, de cultura indígena, de sangue quente, de um charme todo nosso. Os elevados prédios de marcas francesas, alemãs e a gastronomia provocam a memória com imagens do Velho Continente. As manifestações nas ruas, porém, o tango - apesar do ar clássico -, o molejo passo a passo, ah, isso tudo é demasiado sul-americano.
As cores nas ruas invernosas são pálidas. A negritude é rara. Muitas vezes encontrada entre um turista e outro. Isto lembra a quase-ausência da mão-de-obra escrava africana. A exploração colonizadora predominou entre mapuches, guaranis, ranquels. O fato é que, como no Brasil, a beleza argentina está na mistura. Bem menos variada que a brasileira, é verdade. Mas não menos bela e deliciosamente majestosa.
Nos ares cordilheiros de Mendoza, uma pacata timidez regozija o visitante. E o vento que tanto irrita os nativos encanta o estrangeiro pelas centenas de folhas caídas às margens das ruas compostas por sorveterias e lojas de calçados. No albergue minúsculo, em que "hombres y mujeres" compartilham os quartos, um encontro inusitado: um estadunidense filho de colombianos, um alemão sindicalista e risonho e uma brasileira trocam experiências. O índio latino de sotaque ianque soa um tanto mal-humorado. Por vezes até impaciente com o inglês enferrujado da moça. Já o que sobra ao alemão é simpatia. Tanta que chega a irritar. Não faltam vinhos - dos melhores argentinos -, chouriços, mesa farta. Há, inclusive, um rodízio de pratos típicos. Um dos mais aguardados é o feijão, que não aparece. No máximo, uma lentilha à brasileira. Está valendo.
Um passeio no zoológico local é extasiante. À garupa do alemão, o cabelo e a alma da moça saltitam de felicidade. Na despedida mendocina, uma fotografia de dentro do táxi: a bandeira celeste, onipresente, causa melancolia, saudade de casa. Para animar a viagem, um bingo dentro do ônibus. Coisas da Argentina...
De volta aos bons ares, uma indescritível descoberta: na descida da Florida, eis a calle Lavalle, com seus enormes cinemas de rua. O implacável Coringa de Ledger é o escolhido no cardápio. Mas o prazer de cines tão antigos não para por aí. Os dias restantes em Buenos Aires ganham visitas constantes à Lavalle. E também à Recoleta, a San Telmo, a Tigres.
Na memória de mais de seis meses depois, ficam cenários fotográficos. Memórias do aperto da saudade de casa, do amor recém-começado, da família. Lembranças de pessoas bacanas, de todas as partes de mundo, com as mais variadas perspectivas. De lugares lindos, papos prazerosos, do espanhol melhorado. E, sem dúvida, de um desejo de voltar o quanto antes. Quem sabe ainda este ano?
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