Rupturas. Sempre soam dolorosas. Sempre doem, de fato. Talvez porque o novo é o desconhecido, o diferente do acostumado, o que desafia.
Desvincular-se das asas da mãe (e também do pai, sim), sobretudo aquela que esteve presente em todos os momentos, foi parar e encarar o horizonte. Foi romper a segurança de ter colo todos os dias. Foi ter dúvidas se o prato favorito seria feito no domingo em família. Foi deixar aqueles que causam tanto orgulho.
Aquele foi um dia deveras doloroso. O aperto, tantas vezes poetizado, realmente angustiou o peito. Não foi apenas uma metáfora. E as lágrimas caíram assim, sem mais nem menos, mesmo sabendo que eles estariam ao alcance das mãos. O temor era ser vista como ingrata.
A primeira noite foi regada a gotas lacrimosas, reflexos, reflexões. O estranhamento vinha do estômago para os olhos. A dúvida do acerto ou do erro rodopiava a cabeça sem sono.
Setecentas e quarenta e quatro horas depois, o alívio já toma conta. A cultura da "nova vida" também. Bate saudade. Ainda há receio se a escolha foi certeira. Mas o aprendizado acalma o palpitar acelerado. E justifica a ruptura. Uma das tantas que rechearam meu 2006, um ano definitivamente inesquecível.
Wednesday, December 27, 2006
Tuesday, October 17, 2006
Saudade do desconhecido
Se os poetas do Romantismo ainda existissem, eles certamente se surpreenderiam com a capacidade que esse mundo irreal – ou deveria dizer surreal? – da Internet tem de criar amores. Numa época em que a imagem define exclusivamente as paixões, é curioso observar que é possível amar e sentir saudade de quem não se conhece. Não se conhece face a face. Mas há ternura... ah, sim, se há! E como não há como existir ternura falsa, esses sentimentos são sinceros e causam deleite a cada prosa virtual, a cada sorriso arrancado em frente à máquina "fazedora" de sonhos e "platonicidades".
É nítido que não se pode acreditar em tudo o que se imagina quando se trata da idealização daquele que está do outro lado da tela. E quem liga? Também não se pode desprezar as novas formas de amor criadas pelo avanço mirabolante da inteligência humana. As sensações de afeto, de verdade, de carinho e até de saudade do que não se conhece “de fato”, por vezes, são tão ou mais reais quanto o que se sente por quem está aqui do ladinho, quem se pode tocar...
Como defendiam subliminarmente os próprios românticos, o atingível não tem graça alguma. Bom mesmo é imaginar como é o olhar, o cheiro e a voz da figura idealizada. Bom mesmo é sonhar acordada com um abraço que, sabe-se, dificilmente acontecerá. Melhor assim! A vida real é menos bonita que o sonho, não é mesmo? Então, que assim seja. Que as comunidades, as relações, os amores, as amizades e as cumplicidades criem novas e outras tantas formas de troca. Que o amor seja capaz de transpassar a barreira do real, do socialmente aceitável, do humanamente palpável. Que as palavras virtualmente propagadas sejam capazes de gerar mais afeto nesses corações tão endurecidos pela realidade. E que os meus três amores - iguais no espaço, mas diferentes em suas manifestações - multipliquem-se e me façam sentir tão viva e feliz outras vezes quanto sinto-me agora.
É nítido que não se pode acreditar em tudo o que se imagina quando se trata da idealização daquele que está do outro lado da tela. E quem liga? Também não se pode desprezar as novas formas de amor criadas pelo avanço mirabolante da inteligência humana. As sensações de afeto, de verdade, de carinho e até de saudade do que não se conhece “de fato”, por vezes, são tão ou mais reais quanto o que se sente por quem está aqui do ladinho, quem se pode tocar...
Como defendiam subliminarmente os próprios românticos, o atingível não tem graça alguma. Bom mesmo é imaginar como é o olhar, o cheiro e a voz da figura idealizada. Bom mesmo é sonhar acordada com um abraço que, sabe-se, dificilmente acontecerá. Melhor assim! A vida real é menos bonita que o sonho, não é mesmo? Então, que assim seja. Que as comunidades, as relações, os amores, as amizades e as cumplicidades criem novas e outras tantas formas de troca. Que o amor seja capaz de transpassar a barreira do real, do socialmente aceitável, do humanamente palpável. Que as palavras virtualmente propagadas sejam capazes de gerar mais afeto nesses corações tão endurecidos pela realidade. E que os meus três amores - iguais no espaço, mas diferentes em suas manifestações - multipliquem-se e me façam sentir tão viva e feliz outras vezes quanto sinto-me agora.
Monday, August 28, 2006
Melancolia enfim
Sabe aqueles dias em que você tem vontade de pisar o pé no freio e parar o mundo? É, é exatamente aquela piada bobinha: "Pare o mundo que eu quero descer!!". Pois então. Esses dias vêm repentinamente. Em meio à alegria ou à inércia do cotidiano, surge aquela nuvenzinha com cara de tempestade. Ela te joga pra baixo, te deixa pensativo. Creio que, em mim, a sensação melancólica é um tantinho maior... Sabe-se lá o por quê disso, mas que é, é. E por incrível que pareça, acho até bom esse aperto no coração.
Calma, calma, não sou mazoquista não. É que nessas fases, curiosamente, conheço-me mais; aprecio-me mais; questiono-me mais; emociono-me mais.
O ruim desse contexto é sentir-se tão pequeno e inútil quanto... Opa! Não consegui algo tão pequeno e inútil para comparar. Talvez seja sinal de que não tenha nada tão pequeno e inútil assim.
Bem, enfim, mas que a gente se sente choroso e faz cara de lamúria, ah, isso faz... Mas, aos poucos, depois de doces olhares, estralados beijos, carinhosas palavras, essa angústia vai se esvaindo, e deixa na gente o gosto na boca de mais uma lição aprendida.
Mais uma colérica e sábia lição. Somada a tantas outras, depois de lágrimas, soluços, dores e apertos. Mais uma para o nosso "cabideiro de sentimentalismos", exposto no canto do quarto da solidão.
Calma, calma, não sou mazoquista não. É que nessas fases, curiosamente, conheço-me mais; aprecio-me mais; questiono-me mais; emociono-me mais.
O ruim desse contexto é sentir-se tão pequeno e inútil quanto... Opa! Não consegui algo tão pequeno e inútil para comparar. Talvez seja sinal de que não tenha nada tão pequeno e inútil assim.
Bem, enfim, mas que a gente se sente choroso e faz cara de lamúria, ah, isso faz... Mas, aos poucos, depois de doces olhares, estralados beijos, carinhosas palavras, essa angústia vai se esvaindo, e deixa na gente o gosto na boca de mais uma lição aprendida.
Mais uma colérica e sábia lição. Somada a tantas outras, depois de lágrimas, soluços, dores e apertos. Mais uma para o nosso "cabideiro de sentimentalismos", exposto no canto do quarto da solidão.
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